Autoconsumo fotovoltaico | Tecnologia dos nossos dias

Cada vez se fala mais de energias renováveis, nas boas intenções e benefícios para o homem e para o planeta. Queremos viver num Mundo melhor, mas sem renunciar ao estilo de vida atual e sem ter uma maior despesa nesse sentido ignorando os recursos esgotáveis do planeta em exaustão. Este tipo de atitudes levou por exemplo ao atraso e uso de novas tecnologias que acabam por chegar mais tarde para tentar dar uma solução a uma parte destes problemas (carros elétricos – ano 1880).

E se a energia solar nas nossas casas fosse um bom “início” que se adaptasse ao estilo de vida e que não fosse demasiado caro? Seguramente para muitos a proteção do meio ambiente e o futuro das próximas gerações não será o que mais as preocupa e sim o de ter benefícios imediatos e quantificáveis.

Quero deixar claro que não sou perito na matéria e seguramente haverá opiniões diversas e mais profissionais, mas deixo a minha opinião sobre a mesma, após ter recolhido informação, constatado e experimentado o funcionamento da mesma:

O autoconsumo fotovoltaico parece ser uma solução inicial a ter em conta para reduzir parte desta pegada ecológica, que nos permitirá produzir energia própria e em simultâneo reduzir a fatura elétrica tanto em casa como na empresa.

Nos próximos anos veremos bastantes avanços tecnológicos que trazem novas soluções, redução de tamanhos, redução de preços e esperemos que algumas revisões legislativas focadas às necessidades do nosso futuro, que despertarão ainda mais a curiosidade de muitos.

Em Portugal, o autoconsumo fotovoltaico é regulamentado pelo Decreto-Lei nº 153/2014, de 20 de outubro e as Portaria nº 14/2015 e Portaria nº 15/2015, ambas de 23 de janeiro. Até esta data, a energia produzida pelos sistemas fotovoltaicos não podia ser utilizada para benefício próprio e tinha que ser injetada e vendida à rede. Esperamos que num futuro próximo e com a chegada em força dos carros elétricos a potência de produção seja revista de forma a adaptar-se às novas necessidades.

Esta é uma das formas de produção de energia limpa e amiga do ambiente, já que apenas passa por aproveitar a energia do sol. O nosso país tem bastantes horas de sol diárias e o uso dos painéis solares fotovoltaicos são uma solução aproveitável.

O mercado ajustou-se a esta legislação e disponibiliza atualmente kits fotovoltaicos modulares para instalação de unidades de produção para autoconsumo (UPAC). Os kits de autoconsumo apresentam potências que variam entre 250W e 1500W (kits compostos por 1 a 6 painéis). Até estas potências não é necessário pagar taxas e apenas em alguns casos implica comunicação prévia:

– Potência ≤ 200 W – sem necessidade de comunicação prévia;

– Potência > 200 W e ≤ 1,5 kW – Mera Comunicação Prévia sem taxas, junto da DGEG (SERUP) – Direção Geral de Energia e Geologia.

O autoconsumo fotovoltaico em geral responde às necessidades de quem tem consumos de energia significativos durante o dia, mas pode ter ainda recurso a baterias para armazenar energia (mais caro). Esta é uma das principais razões pela qual o sistema a instalar deve ser dimensionado às necessidades reais de consumo de forma a obter rendimento no menor período possível e sem causar desperdícios.

Em média um sistema corretamente dimensionado (consumindo o máximo de energia produzida) permite poupanças entre 20% e 50% na fatura elétrica. A ter em conta que ao contrário do que sucede nas empresas, em que o maior consumo ocorre durante o dia, coincidindo com a produção solar, nas casas particulares os picos ocorrem logo cedo, ao final do dia e requer que as famílias se adaptem a esta realidade de forma a aproveitar melhor esta energia.

Já um sistema com recurso a baterias encarece bastante o sistema e é preciso fazer muito bem as contas para conseguir rentabilizar a inversão ao longo da vida útil das mesmas. Contudo, o rápido avanço desta tecnologia no sector automóvel vai consequentemente dar também soluções a este sector e as baterias serão brevemente uma solução rentável e a considerar.

Existem estudos que indicam que o acoplamento de baterias ao sistema fotovoltaico permite que se consuma entre 90% e 100% da geração de energia.

A título orientativo e pesquisando um pouco os preços e rentabilidade destes sistemas para kits de autoconsumo sem bateria (com a instalação incluída), temos os seguintes valores:

  1. Kit solar 250W:
    • Custo do kit: menos de 500€;
    • Produção média mensal: 38 kw;
    • *Poupança média máxima mensal na fatura elétrica: cerca de 7€.
  2. Kit solar injeção zero 250 W + Monitorização web
    • Custo do kit: 600€;
    • Produção média mensal: 38 kw;
    • *Poupança Média máxima mensal na fatura elétrica: cerca de 7€, sem injeção na rede pública.
  3. Kit Solar injeção zero 1500W+ 1 Inversor + Monitorização web:
    • Custo do kit: 2500€ a 3000€;
    • Produção média máxima mensal: 211 kw;
    • *Poupança máxima mensal na fatura elétrica: cerca de 42€, sem injeção na rede pública.

* Ter em conta que este valor seria se fosse feito o consumo total da produção: Como são kits sem baterias, tudo o que não se consome no momento seria perdido ou oferecido á rede sem qualquer retorno. Este total servirá de guia para que cada um possa usar e adaptar à sua situação.

Nas baterias (alguma das soluções apresentadas apenas disponíveis de momento em alguns países) temos os seguintes valores:

  1. Nissan x-Storage 4,2 Kwh- a partir de 3500 €;
  2. Tesla Powerwall 14Kwh – 6680€ + valor de instalação variável;
  3. Ikea Bateria 3,3 kw- a partir de 3287€

O retorno do investimento desde que bem dimensionado para um kit de autoconsumo sem baterias, aponta em média para uns 7 anos. A garantia dos equipamentos em geral ronda os 25 anos nos painéis solares e entre 5 a 10 anos para os inversores.

Penso que dentro de poucos anos e mesmo que a legislação não mude para melhor, a atualização de preços e equipamentos usados no autoconsumo com recurso a baterias ou inclusive direcionando a energia excedente para por exemplo acumuladores de água quente, será para muitas famílias a solução ideal e que permitirá uma redução bastante significativa da sua pegada ecológica e poupanças enormes na fatura elétrica acercando-as cada vez mais da autonomia total e auto-suficiência energética.

Referências:

  1. http://www.jn.pt/mundo/interior/humanidade-atinge-quarta-feira-limite-de-recursos-disponiveis-no-planeta-terra-8677027.html
  2. http://mashable.com/2015/07/20/early-electric-cars
  3. http://contaspoupanca.pt/2017/08/04/painel-solar-fotovoltaico-mes-8/
  4. https://www.publico.pt/2017/02/20/economia/noticia/mais-de-oito-mil-portugueses-produzem-luz-para-autoconsumo-1762590
  5. https://ciencias.ulisboa.pt/sites/default/files/fcul/dep/degge/teses/Tese_ines%20almeida.pdf (ano 2015)
  6. https://www.portal-energia.com/deve-saber-autoconsumo-paineis-solares-fotovoltaicos/
  7. http://abertoatedemadrugada.com/2017/08/ikea-comeca-vender-baterias-para.html
  8. http://re.jrc.ec.europa.eu/pvgis/apps4/pvest.php?lang=en&map=europe

2 Comments

  1. Obrigado pelo seu artigo, Hugo. Eu também já pesquisei bastante sobre esta temática. Também tive bastante interesse por este tipo de energia, é só ainda não avancei para a instalação de um projeto desta natureza, por não conseguir rentabilizar suficientemente o sistema. Para estar a dar de mão beijada o excedente à EDP, não estou de acordo. A opção baterias, era de facto mais interessante, mas temos o factor custo, que ainda é elevado. Pode ser que com a criação de novas baterias à base de sódio, que está na fase final de investigação, o preço possa ser mais interessante. Eu li há dias um artigo sobre este assunto, há uma investigadora portuguesa ligada ao projecto. Prevê-se que o custo seja mais reduzido, a eficiência seja muito maior é a durabilidade também aumente significadamente. Eu tenho é um painel solar térmico, e estou bastante satisfeito. Já o tenho desde 2009. Vamos aguardar mais um tempo para ver o que dá. Um abraço, Hugo.

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  2. Boa tarde Sr. Fiens,

    Vamos ver como avançam as baterias nestes próximos anos (o futuro parece apontar para o grafeno). Cada caso é diferente, mas parece-me uma boa aposta um painel para os gastos típicos da casa: Aparelhos em stanby, frigorifico, etc (ver o site: http://contaspoupanca.pt/2017/08/04/painel-solar-fotovoltaico-mes-8/).
    Existem os tais kits de injeção zero na rede, mas acabam por ser mais caros e têm unicamente como objectivos:
    1. Não injectar na rede;
    2. Evitar problemas com o contador eléctrico que se tenha em casa já que existem alguns que fazem a leitura da injeção na rede como energia consumida e a factura no final do mês será ainda mais alta. É preciso ter cuidado com esta situação porque parece que é comum e seria necessária a mudança do contador...
    

    Abraço,
    Hugo.

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